INFLAÇÃO, O "IMPOSTO" QUE ESTÁ ACABANDO COM SUA PROSPERIDADE
Aposto que você já ouviu falar dessa palavra: inflação. É algo familiar para nós, brasileiros, mas muitos não sabem o que isso realmente significa. Para começo de conversa, vamos destruir a falácia mais comum da sociedade: inflação não é culpa dos empreendedores que aumentam os preços de seus produtos para obterem maiores lucros, ponto. Por quê? É isso que vou te explicar a seguir. Segue a linha. 🧵
No sentido econômico da palavra, inflação é o aumento da quantidade monetária em uma economia, ou seja, o aumento da quantidade de dinheiro em circulação. Vou deixar mais simples: tem uma história do educador financeiro Breno Perrucho que dá uma clareada nesse assunto. Imagine que alguns turistas estavam visitando casas antigas em outro país e acabaram ficando presos em uma delas. Cada um acabou se apossando de um cômodo da casa. Então, por exemplo, alguém ficou com a cozinha, outro com o banheiro e outro com o quarto.
Depois de um tempo, eles começaram a negociar entre si as coisas, tudo tinha um preço e tudo tinha um valor, pois é fato que, uma hora, tanto um vai precisar usar o banheiro, como os outros precisarão se alimentar e de um lugar para dormir. Depois de um tempo, um homem misterioso invadiu a casa e deixou uma maleta cheia de dinheiro, saiu de fininho e manteve os turistas presos lá. Os turistas, de forma civilizada, dividiram igualmente entre si o dinheiro deixado, mas perceberam que a quantidade de dinheiro que o homem deixou na maleta era exatamente o dobro da que todos eles tinham antes.
Com isso, as pessoas começaram a subir os preços das coisas, visto que todos tinham recebido o dobro do que tinham antes. Até que uma hora os preços das coisas chegaram ao dobro do valor que eram no primeiro dia em que eles ficaram presos. Percebe que a quantidade de dinheiro dobrou, mas os itens da casa não dobraram. Então houve uma sensação momentânea de aumento no poder de compra por parte dos turistas, mas como todos sabiam que o dinheiro de todos havia dobrado, eles sabiam que podiam cobrar mais caro pelos seus próprios produtos. Essa história não é verdadeira, pelo menos não dessa forma que te contei com turistas e um invasor cheio de dinheiro. Pegou a ideia? Vou esmiuçar para você.
Os turistas são a população, os itens da casa são toda a riqueza real produzida por um país, no caso, o PIB, e o invasor é o Governo, que coloca dinheiro na economia. Então, inflação é quando o Governo injeta uma quantidade de dinheiro, mas os bens produzidos permanecem os mesmos, ou até caem. Mas quem recebe esse dinheiro primeiro? Isso vai depender de qual setor o Governo aplica essa grana. Ele pode injetar através do assistencialismo, como aconteceu na pandemia, quando o Governo literalmente imprimiu dinheiro para ajudar na crise que o país estava passando. No entanto, os bens produzidos continuaram os mesmos e, em alguns casos, até diminuíram por causa do lockdown. Mas a inflação não é sentida imediatamente, o dinheiro demora para percorrer toda a economia. Por isso que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) explodiu quase dois anos depois do início da pandemia.
“Inflação é um declínio no poder de compra do dinheiro. A consequência mais visível da inflação é a constante elevação nos preços de todos, ou quase todos, os bens e serviços na economia. Para que uma unidade de dinheiro (digamos, um dólar) perca poder de compra, é preciso que ela perca valor. E, quando uma unidade de dinheiro perde valor, torna-se necessário usar mais unidades daquele dinheiro para comprar bens e serviços. Em outras palavras, elevam-se os preços dos bens e serviços comprados com aquele mesmo dinheiro”, disse Friedrich Hayek, economista da Escola Austríaca.
Sem dúvida, a causa mais comum da inflação é o aumento da oferta de moeda. Assim como o valor dos diamantes cairia se uma chuva de meteoritos de diamantes genuínos caísse do céu, o valor do dinheiro cai quando a autoridade monetária de uma nação aumenta a impressão de dinheiro. Assim como uma tempestade de diamantes faria com que as pessoas interessadas em vender algo em troca de diamantes exigissem mais pedras, um aumento na oferta de dinheiro faria com que as pessoas dispostas a vender bens e serviços exigissem mais dinheiro dos compradores.
Em tese, é fácil conter a inflação (não é preciso dominar nenhuma teoria complexa e nenhum problema matemático precisa ser resolvido), bastaria que os governantes parassem de criar dinheiro do nada. E é aí que tá o problema. A política torna difícil a contenção da inflação, sobretudo porque, antes de qualquer coisa, a própria política geralmente é a culpada por dar início à inflação. Você conhece o Brasil: populismo é a principal "proposta" dos políticos. Oferecer casas gratuitas para a população carente, auxílios mensais, e por aí vai. Claro que o aumento da base monetária não é o único responsável pela inflação, mas é o principal. A questão é mais complexa, pois outros fatores como crises externas, variações no preço de commodities e desastres naturais também influenciam. Sabia que até os bancos podem criar dinheiro do nada?
Bom, voltando a causa principal, quando já não tem mais de onde sugar impostos da população, é aí que entra a famosa impressora de dinheiro. Hoje em dia, nem tanto, quase ninguém usa papel-moeda, basta um clique e são criados vários dígitos nas contas bancárias. Os políticos se beneficiam ao continuar inflando a oferta de moeda, pois ao retardar a crise iminente, eles continuam transmitindo a imagem de uma economia mais saudável do que ela realmente é. Por conta disso, esses políticos apresentam menos risco de perder seus cargos nas próximas eleições. Porém, a realidade econômica não pode ser mascarada para sempre pela mera impressão de mais dinheiro. E eu estou sendo bem simplista para você entender a ideia; o processo de injeção de dinheiro na economia é bem mais complexo.
Como Hayek disse: "Politicamente, a autoridade monetária pode ser imaginada como tendo agarrado um tigre pelo rabo. Embora todos concordem que não se deve agarrar um tigre pelo rabo, uma vez que alguém o faça, essa pessoa corre o risco de ser mordida e arranhada quando soltá-lo. Mas ao continuar segurando o rabo do tigre, pode-se adiar o risco de enfrentar as mordidas e arranhões. Porém, ao continuar agarrado, só deixa o tigre cada vez mais irritado. Assim, quando ele finalmente se libertar — pois é o que eventualmente vai acontecer —, a fera estará muito mais propensa a atacar, e com muito mais fúria, aquele que se atracou ao seu rabo."
"Isso de inflação é coisa de gente rica, não faz diferença na minha vida!" Meu amigo, definitivamente faz. A inflação afeta principalmente a população mais pobre. O rico pode ser tudo, menos burro. Quando a inflação começa a subir, depois que o dinheiro criado do nada começa a trazer suas consequências, o Governo sobe a taxa de juros, chamada de Selic. Essa taxa influencia diretamente o valor dos juros de empréstimos, ou seja, você vai ter que pagar juros mais altos naquela casa que quer parcelar em 10 anos, ou naquele carro em 5 anos.
E por que o Governo faz isso? Esse dinheiro criado do nada aquece a economia: as pessoas compram mais, financiam mais, parcelam mais, achando que o país vai bem, quando na verdade é tudo artificial e irreal. Então o Governo, que já fez a bagunça toda, mas ganhou popularidade, precisa aumentar a taxa de juros para não jogar o país numa crise sem fim. Assim, as pessoas percebem que está mais caro continuar se endividando e parcelando produtos. Com isso, a economia vai desacelerando e as coisas começam a voltar aos trilhos, até que o próximo governo repita o mesmo processo.
Então, os políticos são os arquitetos do desastre e os salvadores da reconstrução. Agora, por que isso impacta sua vida e principalmente a dos mais pobres? A população brasileira já não tem educação financeira, então a maioria deixa o dinheiro na poupança, quando não deixa debaixo do colchão, e só uma minoria bem pequena investe em ações, fundos imobiliários ou ETFs. Se você não sabe o que são essas coisas, procure estudar urgentemente.
Bom, se os preços sobem e o poder de compra diminui, isso significa que você continua ganhando o mesmo salário, enquanto o saco de arroz ou de feijão do mercado começa a disparar de preço. Por isso, de tempos em tempos, os governantes aumentam o piso salarial de certas profissões, mas cinco anos depois do que deveriam.
Sendo assim, quem sofre mais é quem tem menos dinheiro e menos conhecimento. Se a cada dia o dinheiro dessas pessoas vale menos e elas não fazem nada a respeito, principalmente por não saberem o que fazer, acabam se afundando ainda mais na miséria, precisando ainda mais de assistencialismo, votando nos mesmos políticos que propõem esse assistencialismo fajuto e, assim, o ciclo continua. Para tentar proteger seu dinheiro, você deve buscar investir em ativos que gerem um retorno maior que a perda ocasionada pela inflação, como disse acima, ações, fundos imobiliários ou ETFs são um ótimo começo. Mas eu não vou te ensinar isso hoje, fica para uma próxima newsletter. Faça a tarefa de casa e pesquise a respeito dessas coisas. O Governo pode acabar com o valor do seu dinheiro, mas ele nunca poderá acabar com o valor do seu conhecimento. Pense nisso.