Ele não tem chifres. Não carrega um tridente. E definitivamente não aparece quando você acende uma vela preta. O Diabo é mais sutil — ele está na sua mente.
Ele te convence a rolar o feed por mais 5 minutos, depois mais 5, depois mais 5...
Ele te diz pra descansar antes mesmo de se cansar.
Ele sussurra que não tem problema deixar pra amanhã — você merece.
Ele te embala no conforto, te embriaga com distração, te cobre de justificativas.
Você não o vê chegando. Mas quando percebe, ele já trocou seu sofá por um corrente e sua rotina por uma prisão.
E a maior artimanha dele? Te fazer acreditar que ele nem existe.
Nos últimos dias, eu li algo que me deixou inquieto. Um diálogo. Direto com a entidade. Não a versão religiosa ou folclórica — mas a real. A força que controla 98% da humanidade.
Segundo ele mesmo, em palavras cruas, ele é o mestre do medo, da dúvida, da distração, da procrastinação. O especialista em criar seres mornos — cheios de potencial, mas sem direção.
Eu mergulhei nesse interrogatório. E saí de lá com um mapa sombrio do que te mantém estagnado. Hoje, eu vou te contar o que aprendi com uma confissão fascinante do próprio Diabo. Segue a linha. 🧵
Quem é o Diabo?
— Antes de começarmos... onde exatamente você mora?
— Eu não moro. Eu ocupo.
— Como assim?
— Não tenho corpo físico, se é isso que quer saber. Um corpo seria um fardo, como é pra vocês. Eu sou feito de energia negativa. Vivo nas mentes das pessoas que têm medo de mim. Ocupo metade de cada átomo. Metade de cada pensamento que não foi pensado. Eu sou o espaço não usado. O que sobra, eu preencho.
— Então você está em toda parte?
— Metade da criação me pertence. A outra metade... pertence à minha oposição.
— Deus?
— Chame do que quiser. Luz. Razão. Ordem. Não importa. O ponto é: sem mim, não haveria equilíbrio. Se você só tivesse o lado de lá, não teria escolha. Seria um robô espiritual. Eu sou a outra estrada. Aquela que começa escura, mas quase sempre termina em mim.
— E você não tem vergonha disso?
— Nenhuma. Eu não sou hipócrita como vocês. Eu sou o lado negativo. É o meu papel. Sou a dúvida, a preguiça, o medo, a distração. E controlo 98 a cada 100 pessoas que você conhece.
— Então tudo aquilo que disseram sobre você… era só teatro?
— Se você está pensando num monstro vermelho, com rabo pontudo, tridente na mão e cheiro de enxofre… sinto decepcionar. Eu não sou uma caricatura. Sou sutil. Invisível. Quando você percebe, já fui embora — mas deixei o estrago.
— E como você faz isso?
— Simples. Eu entro na mente delas e tomo o espaço que não estão usando. Se elas pensam pouco, eu cresço. Se evitam silêncio, eu grito. Se vivem no automático, eu dirijo.
— E quem consegue escapar?
— Só quem pensa. Só quem age. Só quem tem iniciativa própria. Meus maiores inimigos são os que acendem ideias nos outros. Gente como Sócrates, Newton, Sêneca... Esses aí me deram muita dor de cabeça. Quando uma mente desperta outra, eu perco espaço. E isso, meu caro, eu não tolero. Você também não está me agradando nenhum pouco fazendo essas perguntas.
A fórmula para criar um alienado
— Quero entender uma coisa... Como exatamente você entra na cabeça das pessoas?
— Fácil. Espero elas se cansarem de pensar por conta própria. Quando isso acontece, eu me mudo pra lá. Me instalo, coloco os pés na mesa e começo a fazer meu trabalho. Eu ofereço distração, preguiça, conforto. Pouco a pouco, elas me entregam o controle.
— E o que você faz com esse controle?
— Transformo gente viva em reflexo. Elas acham que têm ideias — mas são as minhas. Acham que têm planos — mas são só ecos do que ouviram. O alienado é assim: acorda, trabalha, se distrai e dorme. Nunca questiona. Nunca escolhe. Só consome o que já está pronto. Isso me alimenta.
— Mas o que é exatamente um alienado?
— Um alienado é alguém que deixou de ser dono de si. Ele não pensa — ele repete. Vive reagindo ao que acontece fora, porque dentro dele não tem nada. E é aí que eu entro. Ele não escolhe os próprios valores, não escolhe os próprios objetivos, e, às vezes, nem os próprios pensamentos. Sabe aquele cara que tem opinião sobre tudo, mas nunca leu nada? Então. Um dos meus favoritos.
— E onde é que você encontra esse tipo de gente?
— Nas escolas. Nas igrejas. Nos lares. Acha que estou brincando? A melhor jogada que fiz foi me esconder dentro dos sistemas que fingem lutar contra mim.
— Como assim?
— É simples. Faço com que pais, professores e líderes religiosos repitam fórmulas decoradas, baseadas no medo. Ensinaram a temer meu nome — e só isso já me basta. Porque quando se ensina com medo, o pensamento crítico evapora. A criança aprende a obedecer, não a refletir. Cresce cheia de regras, mas sem saber o porquê de nenhuma delas. Cresce decorando. Cresce vulnerável.
— Então você está dizendo que se alimenta da ignorância?
— Me alimento do automatismo. Da rotina sem questionamento. Do “sempre foi assim”. A alienação é isso: desligar o pensamento e viver no piloto automático. E sabe o que é mais irônico? Os alienados falam. Muito. Dão opinião sobre tudo. Especialistas em tudo. Mas não estudam nada. Falam pra parecer importantes. Pra atrair atenção. Só que quem fala o tempo todo raramente ouve. E quem não ouve, não aprende. Só repete. Ou seja... só me ajuda.
— Então até o excesso de opinião pode ser armadilha?
— Claro. A maioria das opiniões das pessoas nem é delas. Elas repetem o que ouviram no podcast da semana, no coach da moda, no feed de algum influencer. Acha que estão se expressando — mas só estão me amplificando.
— E os que tentam ensinar? Há professores, mentores, guias… isso não te atrapalha?
— Só alguns. Os que ensinam de verdade, que despertam pensamento, esses são meus inimigos. Com já disse: Sócrates, Newton, Sêneca, esses caras me deram trabalho. Agora, a maioria dos que “ensinam” hoje são meus melhores agentes. Se dizem mentores, mas só te dizem o que pensar, em vez de ensinar a pensar. São moldes ambulantes. Doutrinam em nome da verdade, mas é a minha verdade que estão pregando. A verdade que paralisa. Que infantiliza.
— Então você usa as instituições pra perpetuar a alienação?
— Claro. Se você quer manter um rebanho controlado, disfarce a coleira de salvação. E sempre lembre: um cérebro com medo é um cérebro que não pensa. E quando ele não pensa, quem pensa sou eu.
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O fracasso pelo Diabo
— Me diga uma coisa, Majestade... existe alguma arma sua que seja mais eficiente do que o medo?
— Sim. O fracasso.
— Fracasso?
— É a minha obra-prima. O medo é bom, mas o fracasso é elegante. Ele tem aparência de justiça, de aprendizado... mas, usado da forma certa, é um veneno suave. A maioria das pessoas, quando fracassa, desiste. E quando desiste, me entrega a chave da mente.
— Então o fracasso é sua porta de entrada?
— Quase sempre. Basta duas ou três tentativas frustradas e o ser humano comum já começa a duvidar de si. A confiança evapora, o entusiasmo esfria, a imaginação apaga. Depois disso, basta eu sussurrar: “você não nasceu pra isso”. E pronto. Está feito.
— Mas... e os que continuam tentando?
— Esses são raros. Um em cada dez mil. A maioria prefere usar o fracasso como desculpa pra nunca mais tentar. Thomas Edison fracassou mais de mil vezes antes de acender uma lâmpada. Já outros, tão ou mais talentosos que ele, viraram pó — porque usaram o fracasso como cova, não como degrau.
— Então você não teme quem fracassa?
— Eu temo quem fracassa e volta. Quem transforma a queda em tração. Quem apanha da vida e mesmo assim diz “mais uma vez”. Esses são perigosos — porque me enxergam.
— Então você admite que existe valor no fracasso?
— Só quando ele é recusado como destino. Só quando é visto como derrota temporária. Se a pessoa entende isso, eu perco. Mas se ela acredita que fracassar é um sinal do universo, um castigo, ou uma mensagem de que ela não é suficiente... aí ela me chama pra morar com ela.
— Mas por que você insiste tanto nesse truque? Qual o objetivo?
— Porque funciona. Poucos entendem que a semente do sucesso está dentro da adversidade. Menos ainda reconhecem que o sucesso, muitas vezes, está logo após a curva onde eles pararam. Minha tarefa é convencê-los de que já chegou longe demais. De que não vale o esforço. De que tentar de novo é burrice.
— Então você ganha o jogo no momento exato em que alguém desiste?
— Sempre. O instante em que alguém aceita que “não dá mais”, que “talvez não seja pra mim”, que “isso não é realista” — é o momento em que eu deixo de sussurrar e começo a comandar. Nessa hora, o fracasso não é mais uma lição. É um veredicto. Um selo de propriedade.
— E depois disso, o que acontece?
— A pessoa se acomoda. Cria uma versão da realidade onde ela nunca teve chance. Justifica a apatia com palavras como destino, karma, ou “vida real”. Começa a rir de quem tenta, a zombar de quem acredita, a odiar quem consegue. Vira minha aliada — sem nem saber que está do meu lado.
— E existe salvação depois disso?
— Só pra quem volta a pensar. E isso... é raro. O fracasso é uma armadilha pra quem desiste de aprender. Mas uma bênção pra quem insiste em continuar.
TODO FRACASSO VEM COM UMA SEMENTE EQUIVALENTE DE SUCESSO
Fiquei em silêncio por alguns minutos
A conversa tinha terminado. Mas minha mente… não.
Fiquei ali, olhando pro nada. Como quem acabou de ver o que sempre esteve escondido bem à vista. Como quem ouve uma verdade antiga, dita com palavras novas demais pra ignorar.
A verdade é que o Diabo não precisa te arrastar pro inferno. Ele só precisa que você se acostume com a vida morna. Que aceite migalhas. Que confunda conforto com propósito. Que pare de lutar — e comece a repetir.
Não é o erro que te destrói.
É a alienação.
O piloto automático.
A covardia disfarçada de bom senso.
A desistência fantasiada de humildade.
O Diabo se apresenta como professor, mas ensina o medo. Como guia, mas aponta só pra beco sem saída. Como mentor, mas arranca tua força na base do elogio falso e da crítica disfarçada de conselho.
E sabe qual é o pior? Funciona.
Funciona porque a maioria nunca aprende a pensar com a própria cabeça. Nunca encara o fracasso como lição. Nunca percebe que a única prisão real é aceitar o mundo do jeito que ele veio — e não tentar nada diferente.
Mas agora que você sabe, agora que leu com seus próprios olhos… o que vai fazer com isso?
Vai continuar vivendo com a cabeça cheia de opinião alheia?
Vai deixar que os fracassos apaguem teu entusiasmo?
Vai seguir falando tudo que pensa sem pensar no que fala?
Ou vai parar, respirar e começar — de verdade — a pensar por si?
A decisão é sua. Sempre foi. Mas se chegou até aqui, talvez o Diabo tenha perdido mais um.
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Espalha como quem acende uma vela na escuridão. 🕯️
Eu sou O Estrangeiro, e o nosso próximo passo sempre será em direção ao desconhecido. 🌒🌌
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Pesado! 😳
Que esclarecimento meus amigos...