Eu estava pensando esse dias sobre como era minha vida há um ano atrás. Em como naquela época eu imaginava ter coisas e realizar certas conquistas. Graças ao meu empenho e disciplina essas coisas acabaram se concretizando.
Mas parece que a vida que tenho hoje sempre foi o “normal”, como se eu não me recordasse de tudo o que eu passei para chegar até aqui. Vou tentar esclarecer para você, segue a linha. 🧵
A jornada é foda!
No começo de 2024 acabou acontecendo algumas mudanças de horário na empresa em que eu trabalhava. Com isso, eu tive a oportunidade de ter um aumento de cerca de 40% no meu salário. O que era bastante coisa naquela época.
Mas claro, isso teria um preço a se pagar. De nada adianta a sorte bater na sua porta se você não estiver disposto a se doar por aquela oportunidade.
Eu morava cerca de 4kms do lugar em que trabalhava e o meio de transporte que tinha para ir voltar todo dia era minha bicicleta, que comprei com meu primeiro salário aos 15 anos.
Eu já ia e voltava do trabalho umas 4x por dia de bicicleta, mas para ter esse aumento salarial eu precisava mudar um pouco o horário que fazia esse percurso. O dia teria que começar às 5:30 da manhã.
Parece simples, mas não é uma mudança fácil. Tive que começar a dormir as 21hrs para não prejudicar o dia seguinte por causa de uma noite mal dormida, mas isso era o de menos.
Além do fato da cidade em que eu moro ser um pouco mais fria devido a sua localização numa serra, o que pegava de fato era o trajeto de casa até o trabalho. Era como se fosse uma subida constante com certos morros maiores.
E claro, um frio do caramba todos os dias. Como era uma subida constante com certos morros, quando eu chegava ao topo de um desses morros, na hora de descer vinha um vento extremamente gelado na minha cara. Tinha dias que eu nem conseguia ver a estrada por causa da neblina
Foi foda, passei 6 meses nessa rotina puxada. Mas isso me deu motivação para buscar objetivos maiores.
A ânsia de ter
Desde os meus 15 anos eu ia de casa para cidade umas 4x por dia de bicicleta. Isso dava cerca de 18km por dia. E a única coisa que eu queira era um carro. Na escola eu era relutante com a ideia de ter um carro próprio com tão pouca idade.
Meus colegas ficavam debatendo qual carro eles iriam comprar quando fizessem 18 anos, enquanto eu sempre dizia que não era a escolha mais sensata a se fazer financeiramente nessa idade, ao menos que você tem um plano concreto.
Mas depois de um tempo eu comecei a enxergar essa ideia de ter um carro com outros olhos. Ia facilitar demais a minha vida. E o ponto é que antes de comprar minha bicicleta lá com meus 15 anos, eu pensava a mesma coisa em relação a ela.
“Cara, ia facilitar demais a minha vida se eu tivesse uma bicicleta para ir e voltar a hora que quisesse sem precisar pedir para meus pais”. E de fato, realmente ajudou. Mas com o passar do tempo, aquela euforia que eu tinha para comprar uma bicicleta e para ter um pouco mais de liberdade passou.
No meu último ano de ensino médio eu já estava de saco cheio daquela bike, meu próximo objetivo era um carro.
Antes de dar continuidade na história, o que quero te fazer refletir é como as coisas perdem seu valor rapidamente. Aqui eu me refiro ao valor intrínseco do objeto, e não financeiro.
Algo que eu trabalhei para conquistar e que foi muito importante no meu processo de amadurecimento, se tornou totalmente dispensável e desprezível. E você pode fazer um paralelo com qualquer conquista em sua vida.
Quando você compra aquele celular que tanto queria, no primeiro mês cuida dele como se fosse parte de você. Fica atento para não cair do bolso, não mexe na tela com o dedo sujo e trata de carregar na hora certa para não estragar a bateria.
Mas depois de alguns meses nem liga mais. Quando chega em casa já vai jogando ele na cama, as vezes derruba no chão e trinca a tela, é como se de uma hora para outra ele perdesse valor. Como se fosse uma amnésia da conquista. Seu objetivo já se torna o próximo Iphone do ano, o celular que você tem já é ultrapassado.
Todo o processo para chegar naquilo que você tanto queira, num piscar de olhos desaparece. O filósofo Clóvis de Barros nos propõem uma ideia de Platão para tentar explicar esse acontecimento:
“Você, leitor, pense em alguma que deseje agora. Isso que você deseja é o que você ama. Naturalmente, pode ter passado pela sua cabeça um carro novo, uma cerveja bem gelada ou um par de glúteos espetaculares que você adoraria apalpar.
Tudo isso que você deseja é o que você ama, simplesmente porque, para Platão, amor e desejo são a mesma coisa. Mas e o desejo, o que será? Desejo é o que não temos, é a energia canalizada para a busca do que nos faz falta. Amamos o que não temos, amamos o que não somos, amamos o que não conseguimos.A equação está completa: você ama o que deseja e deseja o que não tem. De duas, uma: ou você ama e deseja o que não tem, ou então tem, mas, nesse caso, não ama e não deseja mais. Essa sinuca de bico é irritante.
De fato, constatamos que aquelas coisas que estão muito fáceis à nossa mão, que se oferecem o tempo todo, acabam não merecendo nossa atenção e nem valor algum. Parece que estamos o tempo todo supervalorizando o que não temos e depreciando o que já conquistamos.”
O tédio de possuir
Depois que a gente conquista algo o sentimento de felicidade se dissipa em pouco tempo. A alegria ao comprar um carro novo, uma casa nova ou ser promovido no trabalho rapidamente são esquecidas.
Claro, nós sempre devemos buscar algo a mais, ser mais. Mas o esquecimento da conquista e principalmente do processo é algo preocupante.
“O rapaz é adolescente. Mas não quer ser adolescente. Quer ser adulto. Está no ensino médio. Mas não quer estar no ensino médio, quer se formar e entrar na faculdade. Entra na faculdade. Agora não quer mais aquilo. Quer um emprego. Consegue o emprego. Pouco tempo depois, não quer mais aquela vaga. Deseja uma promoção para uma vaga melhor.
Esse é o eu projetivo governando a vida. A proposta aqui é evitar viver a vida como uma viagem, esperando o destino e querendo que aquilo que estamos vivendo acabe logo. A proposta é viver a vida mais como um passeio. Todo passeio tem um destino, é claro.
Mas a diferença é que, ao passear, também aproveitamos e saboreamos o caminho. Se o destino chegar, ótimo. Se não chegar, pelo menos aproveitamos aquele caminho que percorremos. Então, tenha sim objetivos. Orgulhe-se de suas conquistas.Valorize, agradeça e preserve as relações com as pessoas importantes da sua vida. Mas não se esqueça de saborear e aproveitar os que a vida lhe dá, de estar aqui, com a cabeça aqui, de não viver o tempo inteiro esperando o objetivo chegar.”
Não tenha apenas troféus, tenha conquistas
Tudo isso que eu te mostrei aqui não é para você parar de querer ir atrás das coisas, de conquistas maiores, realizações pessoais maiores. É para fazer você pensar e refletir sobre o que tem hoje.
Olhe para si mesmo, especialmente para seu passado. Se você quiser muito ter algum bem material, é simples, basta correr atrás e se dedicar. Mas você tem que olhar para todas as coisas lá de atrás que você queria ter hoje e tem, mas que são tratados como meros troféus.
A vida é uma trilha, não um trilho. pense nisso.
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Por isso que ambição e gratidão devem andar juntas. Ambição de ter algo mais te faz ser mais. Mais disciplinado, mais foca, mais autoconfiante. Mas a gratidão mantém a felicidade, a paz enquanto você percorre o caminho. Porque você já tem coisas incríveis e está construindo o que realmente quer.
Acredito que o problema também é o pensamento que só vamos ser felizes se tivermos tal coisa. E se já formos felizes? E essa tal coisa só vim somar a felicidade já existente. No sentido, de ter ainda mais qualidades e mais o que estimar em você, aumentando assim sua autoestima?
o trecho que mais mecheu comigo foi oq fala sobre amarmos o que desejamos simplesmente por ainda não termos conquistado aquilo, porque isso acabou se conectando com a minha forma de amar em alguns momentos da minha vida, em que eu "amei" pessoas medíocres e que não eram compatíveis comigo, pelo simples fato de que essas pessoas eram inacessíveis, eu não tinha elas, então o desejo acabava sendo ainda maior e eu acabava confundindo isso com amor