Eu sempre fui o aluno que definitivamente não tinha dificuldade para aprender o que era ensinado na escola. Sempre fui autodidata, poucas vezes meus pais me ajudavam a estudar e quase nunca se importavam em como eu ía na escola — por saberem que no meu boletim todas as notas eram excelentes.
E não, eu não era o nerd da sala — apesar de ser um dos mais inteligentes. Era o cara que gostava da bagunça — justamente por isso não podia ser usado como exemplo mesmo tendo as notas mais altas.
No ensino fundamental I (dos meus 6 até os 11 anos) minhas menores notas eram 9.
No ensino fundamental II (dos meus 12 até os 15 anos ) minhas menores notas eram 8.
Mas no ensino médio as coisas mudaram um pouco, certas chaves viraram na minha cabeça. Eu tive um certo salto na minha maturidade por conta de algumas experiências — conto uma dessas na newsletter desta nota de rodapé.1
A partir daí, esse modelo enrijecido da escola começou a se tornar maçante e desgastante para mim. O que antes era fácil começou a parecer inútil. Não porque eu tivesse perdido a capacidade de aprender, mas porque comecei a questionar o porquê de estar aprendendo aquilo.
Sentia que estava dentro de uma máquina que não me preparava para a vida, mas para obedecer. Que me ensinava a decorar fórmulas e datas, mas nunca a pensar, a decidir, a errar e aprender com o erro.
E quando você começa a pensar demais dentro de um sistema que não foi feito para quem pensa... você se torna um problema. E é sobre isso que vamos conversar, segue a linha. 🧵
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Um modelo fajuto chamado: ESCOLA
No meu primeiro ano de ensino médio a pressão em relação aos estudos aumentou. Os professores falavam que não bastava somente tirar notas boas, nós devíamos nos preparar para prestar vestibulares ou fazer o ENEM para passar em alguma faculdade.
O futuro de nossas vidas dependia do quanto nós nos dedicaríamos naqueles últimos 3 anos antes de nos formarmos. Se fossemos desleixados acabaríamos virando caixas de supermercado, faxineiros, garis ou qualquer outro emprego que não exigia muito conhecimento acadêmico — palavras dos meus professores, não minhas.
E claro, tinha a famosa indagação: VAI FAZER FACULDADE DO QUE?
Sinceramente, eu não sabia. Não tinha a mínima ideia de qual faculdade eu faria ou queria fazer.
Eu nunca tive apreço sobre as matérias da escola, e como precisava estudar de fato para conseguir aprovar nelas, comecei a ter um ódio genuíno desse sistema. As clássicas perguntas surgiam:
- Mas para que caralhos eu preciso estudar a respeito de formulas de matemática, espécies de plantas e elementos da tabela periódica? Não serve para merda nenhuma, só vou usar isso para fazer um vestibular e nada mais.
E bom, ainda não achei nenhuma resposta válida para isso. Uma vez a minha professora de matemática deu uma resposta — não fui eu que tinha perguntado.
- Você aprende essas fórmulas e esses conceitos para estimular seu cérebro a lidar com questões complexas e difíceis, mesmo que esses conceitos não sejam totalmente aplicáveis no dia a dia, é importante estudar para desenvolver essa parte.
Além de que o que estamos ensinando para vocês é só um pequeno pedaço do todo, caso queiram se aprofundar é com vocês, nosso papel é mostrar diversas áreas de conhecimento. Você que vai escolher qual seguir.
Certo, se o que aprendemos é para nos estimular a lidar com questões complexas, por que não aprendemos, por exemplo, sobre inflação e taxa de juros2, que são questões igualmente (ou até mais) complexas, mas que terão uma utilidade muito maior nas nossas vidas do que uma equação de 2º grau?
Se o papel da escola é fornecer diversas áreas de conhecimento, por que tem que ser um conhecimento fútil? Não estou generalizando, claro que tem matérias básicas fundamentais.
Me refiro aqui a parte mais profunda, por exemplo, para que eu tenho que saber diversas fórmulas de física se eu não vou, não quero e não pretendo ser físico ou engenheiro?
E isso não é uma questão particular minha, a maioria das pessoas não tem uma vocação definida sobre o quer fazer na vida. A maioria depois que sai da escola faz as coisas por impulso.
Quantas pessoas você conhece que começaram uma faculdade e depois abandonaram? Ou que se arrependeram de ter feito quando terminaram o curso? Grande parte, aliás, se forma e nem consegue atuar na área de trabalho.
Eu me pergunto, se a escola vai pegar uma criança e vai martelar 12 anos de estudos na cabeça dela para no final não chegar a lugar algum e dizer “nosso papel é mostrar diferentes áreas de conhecimento”, por que ela não pode alterar suas matérias para coisas genuinamente importantes?
Meu amigo, 12 ANOS. Já imaginou como estaria se tivesse estudado vendas e negócios durante esses 12 anos? Qual a recompensa após todo esse período de dedicação escolar?
E como já disse, não estou falando que tudo é fútil, não generalize. Mas você realmente acha necessário aprender a fundo questões de português “não essenciais” (como análise sintática, por exemplo)?
Em vez de temas como esse, por que não podemos ter matérias como: educação financeira, inteligência emocional, política, oratória, comunicação, vendas e tantas outras coisas realmente essenciais na vida de qualquer um.
Entendo que as matérias atuais tem sim o seu valor, mas já estão ultrapassadas para as demandas do mundo de hoje. A escola acaba formando pessoas que vão fazer parte da manada, em vez de pensadores autodidatas.
É engraçado porque algumas matérias que eu gosto e estudo, como história e filosofia, eram consideradas um saco na escola e hoje em dia já li tantos livros e vi tantas vídeo aulas a respeito. Não sei se é o método em si, o conteúdo ou se era eu que já estava de saco cheio da escola.
Até aula de redação mesmo, hoje tenho uma newsletter de mais de 1k de inscritos, escrevo textos toda semana. Mas na escola era chato para cacete ficar escrevendo textos para treinar para o ENEM.
Tinha que escrever de tal jeito, com certo número de linhas e parágrafos, com um conclusão tal… que chatice!
Se meu professor visse minha news e os textos que faço aqui, ele não ia entender nada.
Sua vida é baseada em dois lados
Quando eu já estava de saco cheio do ensino médio, criei com meus colegas um termo para separar as pessoas que passavam horas e horas do dia estudando as matérias da escola e aquelas que estudavam as matérias que citei acima que deveriam ser ensinadas.
A gente denominou como: BURROS de VIDA e BURROS de ESCOLA. Não entendeu? Te explico.
Os burros de escola seriam aquelas pessoas que não conseguiam tirar notas boas, não entendiam as matérias ou estavam cagando para o que era ensinado — esse último era o meu caso.
Já os burros de vida eram aquelas pessoas que só estavam focados em estudar as matérias da escola. Estavam canalizados em estudar somente para vestibulares e Enem
Eu tinha colegas de ambos os lados, os que eram focados em estudar para o Enem, e os que se recusavam a estudar para escola e também não queriam nada com a vida.
E onde eu estava? De certa forma estava mais no espectro dos burros de escola, pois eu odiava esse sistema. Mas não é que eu não estudava biologia ou química que era um completo vagabundo.
Comecei a ler livros de finanças, economia, oratória, filosofia, história e por aí vai. Mas era algo natural e não imposto. Eu nunca li nenhum livro que a escola me pedia — pois de tempos em tempos tínhamos que ler certos livros para fazer uma prova sobre.
Eu emprestava livros de finanças para meus colegas e eles liam. Cara, quantos adolescentes leem neste país? Nossas aulas eram mais sobre trocar ideia sobre o futuro: passávamos várias aulas conversando sobre empreendedorismo, dinheiro e afins.
Até que o querido professor vinha e interrompia para falar sobre células eucariontes.
Percebe como esse modelo está matando hábitos valiosos por ser extremamente chato e sem sentido? Quando estava no meu último ano antes de formar, eu acordava puto. Mas puto mesmo, ia para a escola bravo.
Não aguentava ficar 5 ou 6 horas dentro de uma sala onde estava nem aí para o professor ou para matéria dele.
Se eu tivesse que te dar um conselho, é preferível que você seja um burro de escola do que burro de vida. Tirar boas notas ou passar em vestibulares, isso não muda nada.
O mundo real é este aqui, quase nada que você aprender na escola vai servir na sua vida — a não ser que você siga uma profissão que exija isso, tenha uma vocação.
É uma pena a escola ser assim
Muitos alegam que o que apresentei aqui não é o papel da escola. Se realmente não for, isso é uma pena.
Mas entenda, se você cagar para a escola sem um plano ou uma meta concreta vai ser pior ainda. De nada adianta você ficar todo putinho, ligar o foda-se para esse sistema fajuto e sair fumar vape no intervalo.
Faça me o favor, quando eu comecei a “abandonar” a escola eu já tinha ciência de quais estudos entrariam no lugar daquelas matérias. Já tinha ciência que não tinha vocação para ser médico, engenheiro ou advogado como muitos pensam que tem.
As pessoas estão tão presas nessa visão de mundo, que quando alguém ousa pensar fora da caixa é tratado como maluco. Se você quer ser parte deste quebra-cabeça, mas não como montador e sim como peça, continue seguindo esse modelo.
Muitos podem dizer que você nasceu para ser arquiteto, tem talento para engenharia, o que for. Mas será mesmo? Ou te fizeram acreditar nisso.
Eu não venho aqui propor uma solução ou dizer que o que falo é a verdade absoluta. Minha proposta é te fazer pensar e questionar se o que você está fazendo realmente trará frutos no futuro.
De fato este pensamento não é para todos, só para aqueles que não se sentem no lugar certo quando estão presos naquele cubículo. Aqueles que enxergam a falha no sistema.
Esse modelo romantizou tanto a rotina exaustiva e intensa de estudos, que quando você para para descansar se sente um completo inútil.
Pois é, todos os dias milhares de pessoas saem com um diploma em mãos e o peito estufado, prontos para qualquer adversidade e cheios de sonhos. Mas infelizmente eles se deparam com a vida real.
Se o sistema atual não te entrega o que precisa, não se revolte apenas: questione, planeje e estude por conta própria o que a escola te nega. Se torne um estrangeiro dentro do sistema — mas com um propósito claro.
Quando eu estava na escola vi uma frase que mudou tudo para mim:
NÃO DEIXE A ESCOLA TRAPALHAR SEUS ESTUDOS. Pense nisso.
Este texto ganhou vida e agora tem um curta metragem no Youtube. Se você ficou fascinado com esses ensinamentos, vai se surpreender com o vídeo. 👇🏼
Eu sou O Estrangeiro, e o nosso próximo passo sempre será em direção ao desconhecido. 🌒🌌
Este texto pode ser só mais um. Ou pode ser o primeiro passo de alguém que estava prestes a desistir. Se isso aqui mexeu com algo dentro de você, não guarda só pra ti.
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📢 Espalhe como quem acende uma vela em meio à escuridão.🕯️
Tem mais gente lá fora se sentindo deslocada, perdida, sufocada — e talvez essas palavras sejam um sopro no peito de alguém que precisa. 🌬️
O mundo já tem seguidores demais. Torne-se um estrangeiro. 🚶♂️🌍
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Excelente! Gosto de ver pessoas criticando processos e estruturas que são padrões nas nossas vidas, mas que realmente precisam ser mudadas (para ontem, de preferência!).
muito bom 👏